sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Panorama do Antigo Testamento





PANORAMA DO ANTIGO TESTAMENTO


As Escrituras são um compilação de Livros que reunidos chamamos de Bíblia. A Bíblia é dividida em Antigo Testamento e Novo Testamento, como ela tem um autor que fez uso de vários escritores, podemos ver unidade e também um tema central, que permeia toda a Escritura. Apesar de não existir uma unanimidade quanto a qual é este tema, existe uma unanimidade que ela possui um, existem aqueles que defendem que o tema central das Escrituras, é a busca de Deus por sua glória, também existem outros que defendem que Jesus é o tema central. Existe outros, como o teólogo Walter Kaiser, que sugerem que o tema central das Escrituras é o plano da promessa de Deus, ou seja, que Deus tem um plano para que exista um povo que seja o seu povo, é com esta mesma perspectiva que iremos transcorrer pelo Antigo Testamento, de maneira breve, com intuito de mostrar os temas centrais de cada livro e mostrar como são unidos pelo mesmo plano da promessa ao longo dos séculos, com isso não descartamos que outros temas centrais não possam ser aplicados ou que eles sejam errados, mas sim que essa perspectiva demonstra com maior propriedade a unidade das Escrituras, englobando as outras posições dentro de seu próprio escopo, que segue explicando o AT, pelo entendimento dos períodos classificados como eras, dispostos em ordem cronológica.

Era Pré Patriarcal (Gênesis 1-11).

Este período engloba os capitulo de 1 a 11 de Gênesis, a teologia de Gênesis é marcada pela benção de Deus começando pela ação de sua palavra criadora (Gn 1.3, 6, 9,11,14, 20, 24, 26, 29; 2.18). A criação é descrita como resultante desta palavra. A marca distintiva de Gênesis, acha-se na benção de Deus expressa nas Alianças Edênica, Noética e Abraâmica, então o plano da promessa de Deus começa com o uso do tema benção.

Deus abençoou o homem com Sua imagem, o homem seria capaz de se relacionar com Deus e de subjugar o restante da criação, como um gerente, juntamente com isso, o homem teria responsabilidades e também deveria ser fecundo por toda a terra. Gênesis 1-11, é marcado pela estrutura da dádiva divina e da revolta do homem. Em outras palavras é marcado pala ação do julgamento de Deus e pela promessa de sua benção restauradora.

A revolta do homem é demonstrada nas três catástrofes, a queda (Gn3), o dilúvio (Gn6-8) e a dispersão da humanidade na torre de babel (Gn11), em contrapartida é marcado pela benção da parte de Deus em contraposição a revolta do homem com: A promessa de uma semente (Gn3.15), a promessa de que Deus moraria nas tendas de Sem, (moraria no meio do povo Gn9.25-27) e a promessa de benção em escala mundial.

Genesis1-11 demonstra de forma mais ampla, universal e cósmica o plano da promessa de Deus, e estes capítulos demonstram de que a atenção de Deus se volta para o mundo inteiro, antes de anunciar o papel dos patriarcas e sua descendência ao restante da terra. Um fato marcante é que o homem estava tao vinculado a terra, afinal ele foi formado dela, que com a queda toda a criação incluindo a mulher foram profundamente afetados, porque ele estava vinculado com ambos. Por isso a queda trouxe problemas para toda a criação.

Outros efeitos com a desobediência vieram pela distorção do poder político, que foram profundamente afetados pela tirania e poligamia (Gn4.23-24), e por último a crise do desejo do homem querer ser autossuficiente. Esses acontecimentos levaram Deus aos juízos da queda, do dilúvio e da dispersão da raça humana. Neste cenário de rebeldia, Deus com sua palavra salvadora promete uma semente posterior para restaurar este estado anterior (Gn 3.15), um povo no qual Deus habitaria (9.27) e a benção das boas novas do evangelho, oferecidas a cada nação sobre a face da terra (Gn12.3). 

Era Patriarcal (Gênesis 12-50, Jó)

Neste período, o plano da promessa é marcado em cima principalmente da pessoa de Abraão, e posteriormente Isaque e Jacó, eles seriam os detentores da benção para as nações, neste período o plano da promessa de Deus repousa em cima das promessas de trazer uma semente de Abraão (descendente), um terra prometida e uma benção para todas as nações. 

Deus se relacionava com eles (os patriarcas) em palavras faladas (Gn 12.1,4; 13.14; 15.1), geralmente com a introdução “Veio a palavra do Senhor a ele” ou “ O Senhor lhe disse”, também o próprio Senhor aparecia a eles, o que foi chamado de teofania (aparição ou manifestação visível de Deus Gn18.1). Os patriarcas experimentaram o impacto da presença de Deus em suas vidas, durante esta época Deus também falava por sonhos (31.10-11,24;37.5-10) e visões,(15.1;46.2).

Nesta época o conteúdo da promessa era basicamente a benção através de principalmente a pessoa de Abraão, Deus abençoaria os que abençoassem Abraão e amaldiçoaria os que o amaldiçoassem (Gn12.3). No caso da semente descrita como o herdeiro primeiramente prometido a Eva, estava designado tanto para um indivíduo (o descendente), mas por vezes também se referia aos muitos descendentes da mesma família ( como uma espécie de transmissão hereditária no qual chegaria no descendente esperado, Cristo). 

Haveria um beneficio somente futuro, mas também beneficiários atuais das dadivas divinas temporais e espirituais, ou seja, a promessa do descendente teria benefícios principalmente futuros, mas não deixava de abençoar aqueles por meio de quem Deus usaria para trazer o descendente.

A benção anteriormente perdida (em Adão), recebe agora em Abraão como o veículo da benção, Deus entrou em uma aliança feita com ele, uma aliança incondicional, através de quem Ele abençoaria todas as nações. A promessa divina era essa: “Serei o teu Deus e o Deus da tua descendência” (17.7), esta era a garantia de que Deus continuaria seu plano de restaurar um povo para si. 

O livro de Jó era marcado por inúmeras semelhanças com os patriarcas descritos em Gênesis 12-50, e por isso provavelmente deve se encaixar na mesma era Patriarcal, entre algumas semelhanças. 1- A riqueza de Jó (1.3) e a prosperidade de Isaque (Gn26.13-14). 2- A preferência pelo nome de Deus, principalmente El Shaddai, (trinta vezes em Jó), da mesma forma com os Patriarcas. 3- Não sacerdotes oferecem sacrifícios (Jó1.5) como fizeram os patriarcas e por esses motivos é colocado nesta era patriarcal.

Era Mosaica (Êxodo, Levítico, Números 1475-1400 a.c)

Neste período o plano da promessa prossegue, passando os benefícios antes retratados através das pessoas dos patriarcas, Abrão, Isaque e Jacó, para então avançar em seu projeto, canalizando para uma nação. Agora as bençãos do plano da promessa de Deus estariam dispostas a uma nação, a nação escolhida de Israel, guiada por Moisés, todos os benefícios das bençãos estariam agora usando a nação de Israel como recipiente e condutor.

O livro de Êxodo traz temas como o filho, o primogênito, o tabernáculo e habitação de Deus, elaborados por meio de uma nação que deveria ser santa, um reino de sacerdotes e propriedade exclusiva de Deus, dando continuidade ao mesmo plano da promessa anterior, de redimir um povo para ser o seu povo.

Uma característica marcante desta era é a revelação do nome de Deus, não era simplesmente a necessidade de saber o nome, mas sim poque o nome que enfatizava seus atributos de justiça, verdade, misericórdia, fidelidade e santidade. Também no período do Êxodo, o fundamento da ética Bíblica e de toda moralidade foi lançado no decálogo (10 mandamentos Ex 20), de como viver e agradar a Deus. Mesmo com a separação de um período de 400 anos entre os patriarcas (era patriarcal) e a era mosaica existe uma continuidade, inclusive fazendo alusão a promessa da semente de Jacó que se reproduziu, aumentou muito, multiplicou-se e tornou-se forte (Ex1.7), uma alusão clara a benção prometida em Gênesis 1.28 e 35.11.

Deus lembra da promessa feita a Abraão e Deus através de seu plano soberano escolheu Israel para transformá-lo em seu povo, sua propriedade exclusiva, e assim continuar o seu plano de trazer a semente, agora esta, viria através da nação de Israel que era o “filho” de Deus, mas que também viria o filho de Deus se referindo ao descendente, mais uma vez trazendo a luz a ideia de solidariedade da raça, usando muitas vezes como individual e muitas vezes como coletivo, o filho por vezes se referia a nação e por vezes se referia ao descendente esperado. 

O Deus soberano através da pessoa de Moisés resgatou o seu povo do Egito, com mão forte retirou seu “filho” do cativeiro e o filho por sua vez, deve respeitar a vontade do pai, obedecê-lo, então Deus, lhe deu uma Lei, para que vivessem em santidade diante do “Eu Sou”, a Lei não era a garantia de salvação, mas seu cumprimento era a demonstração de quem era realmente Israelita. Viver de acordo com ela era a garantia de vida, de prosperidade, para que vivesse e tudo lhe fosse bem (Ex5.33).

O Deus que tabernaculava (habitava) entre o povo, conforme ele havia prometido anteriormente de morar nas tendas de Sem, agora habitaria através da nação de sacerdotes e que também deveria ser uma nação santa (separada para Deus), porque seu Deus era Santo (Lv11.44-45). A teologia desses dias girava em torno de três conceitos predominantes: redenção (do Egito), a moralidade, a adoração e o culto. Assim dá-se continuidade a benção da promessa de Deus, agora todas as nações da terra deveriam ser abençoadas por eles, pela nação de Israel, conforme a afirmação de Deus, “Eu vos tomarei por meu povo” (Ex. 6.7).

O povo deveria usar das obrigações impostas pela Lei (cerimonial, civil e moral), todavia, após desfrutar de dias felizes (Nm1-10) os israelitas começaram a se rebelar repetidamente, e este padrão começara a marcar Israel e seu relacionamento com Deus, seguido por tempos de descrença e desobediência e por fim, novamente como já foi visto anteriormente, julgamento divino até que o povo arrependido voltasse a Deus por sua misericórdia e graça.

Então novamente, no plano da promessa é acrescida a promessa de que um Messias vindouro reinaria e governaria, dando novamente ênfase a palavra de benção em contrapartida da rebeldia do povo (Nm24.17).

Era Pré Monárquica( Deuteronômio, Josué, Juízes 1400-1050 a.c)

Este período começa com Josué fazendo uma ligação entre o último livro do Pentateuco (referente aos 5 livros da Lei, especialmente Deuteronômio) para o restante do Antigo Testamento. O plano da promessa agora avança em torno da terra prometida, terra esta, prometida desde os patriarcas agora recebe cumprimento neste período pós Egito, onde o povo foi liberto por Moisés e encontra seu descanso na pessoa de Josué e na instituição de juízes para governar o povo. Deuteronômio consiste, em grande parte, nos últimos sermões de Moisés, os aspectos que dominaram a era mosaica para a Pré monárquica foram: 

A herança da terra, em Deuteronômio a terra tornou-se o centro especial das atenções. Descanso na terra, esta disposição foi acrescentada no plano da promessa, este descanso na terra era muito importante para Israel a ponto de Deus chamar de ”meu descanso” (Sl 95.11), este descanso já havia sido prometido a Moisés quando levou Israel para fora do Egito, esse descanso fazia referência a um lugar concedido do Senhor (Ex33.14), paz e alivio dos inimigos em derredor (Dt12.10) ou cessar das tristezas no futuro (Is 14.3) e o lugar escolhido na terra, como avanço no sistema de culto, para um lugar onde Deus escolheria, uma futura “casa”. Além da conquista e posse da terra, duas cerimonias foram feitas para renovar a aliança, no monte Ebal onde Josué erigiu um altar e ofereceu sacrifícios (Js 8.30-35) e a segunda em Siquem (Js 24). Na medida em que declinava a conquista da terra, a grande questão era de Israel se manter fiel ao Senhor no dia a dia.

Na época do livro de juízes (1380 a 1050), era demonstrado que não havia Rei e que cada um fazia o que parecia certo ao seus próprios olhos (Jz 17.6). Este livro è marcado pelas narrativas achadas no ciclo familiar de apostasias, punição, arrependimento, compaixão divina, libertação e descanso na terra. A partir desta época a historia era sempre a mesma, os Israelitas faziam o que era mau ao olhos do Senhor, então Deus os entregava na mão dos inimigos, então quando o povo se arrependia Deus providenciava alivio por meio dos juízes, então essa Palavra de benção ou maldição dava a disposição de continuidade do plano da promessa de Deus.

Era Monárquica/ Davídica (Rute, 1 e 2 Samuel, Salmos, 1 Reis 1050-970ac)

A era monárquica é o avanço do plano em direção ao seu cumprimento, agora todas as bençãos prometidas por meio da promessa na era pré-patriarcal, da benção através de Abraão e os patriarcas, no avanço através da nação de Israel na aliança Sinaítica, agora encontra continuidade na inserção do reino Davídico, reino que seria a maneira de Deus governar através de um Rei. Temos em Davi a promessa de uma dinastia, de um renovo, de uma promessa de que o descendente viria através de sua dinastia, através da "casa de Davi", que tem seguimento no governo de seu filho Salomão, e agora o meio prometido anteriormente, passa a ser através do reino e dinastia de Davi, com um período de crescimento e paz no governo de Salomão.

Davi era tido como a figura do Messias que haveria de vir, à sua casa fora prometida uma dinastia eterna de quem o trono nunca se apartaria, assim como Davi era o filho de Deus, por meio de sua casa viria o Descendente, a semente antes prometida, e este reino seria eterno e soberano sobre todas as nações.

A expectativa desse rei vindouro era um tema recorrente no plano da promessa de Deus, pois apareceu aos patriarcas, todavia teve um começo ilegitimo com Saul, pois a nação reivindicou um rei assim como as outras nações, porém por motivos errados. O povo não deveria nomear pessoa alguma que não fosse escolhida por Deus, e o rei por sua vez tinha de reinar de acordo com a Lei de Deus, o contraste portanto era entre um reino estabelecido por homens e um reino levado a efeito totalmente por Javé (Deus). 

Este era o acréscimo da promessa. As mesmas promessa feitas aos patriarcas e a Moisés agora se canalizavam na pessoa e reino de Davi, através da aliança eterna prometida por Deus de que duraria para sempre, enquanto existisse os céus, Deus prometeu que não violaria sua aliança. 

A quebra ou condicionalidade da aliança pode se referir a invalidação pessoal e individual dos benefícios da aliança, os descendentes da família que fossem desobedientes, seriam cortados fora da promessa, mas isso não afeta sua transmissão aos descendentes da linhagem. Existe uma descrição deste reino presente e futuro descritos no Salmos, que ganham o título de Salmos reais (2;18;20;21;45;70;89;101;110;132;144) que retratam Deus como Soberano da Nação de Israel e das nações do mundo, esses Salmos retratam Davi como filho de Deus e rei que leva adiante a autoridade de Deus.

A Era Davídica tem como figura principal a pessoa de Davi que unifica em si mesmo o Rei, profeta e Sacerdote sendo um tipo do messias que haveria de vir, para reinar eternamente.

Era Sapiencial (Jó, Provérbios, Eclesiastes e Cânticos dos Cânticos 1070- 931 ac)

Este período é marcado especialmente pela ênfase no temor do senhor, como uma maneira de viver diante de Deus na terra do descanso, ou seja o reconhecimento da soberania de Deus é uma recapitulação da maneira de viver descrita nos 10 mandamentos da Lei, o “Temor do Senhor” é a temática de todos os livros de sabedoria, passando em todas as áreas da vida, inclusive no casamento (Cânticos dos Cânticos) é esse tema que liga ao restante do Plano da promessa, vivendo desta maneira viveriam desfrutando da vida, a verdadeira vida, porque a suma da tudo é “Teme ao Senhor e obedece os seus mandamentos”, porque o principio da Sabedoria é o temor do Senhor.

Profetas do Seculo IX A.C (Obadias e Joel)

Este período é marcado pela separação dos reinos de Israel, em Norte e Sul, após Salomão, a nação de Israel começa então a ver seu declínio em todas as áreas, inclusive moral e religiosa, tem inicio o profetismo com Elias e Eliseu (1Rs 17-2Rs9), onde Elias era uma figura das predições do juízo de Deus, enquanto Eliseu era uma figura das predições da salvação do Senhor, do desejo de manter uma remanescente no seu povo.

As mensagens proféticas tem seu andamento neste século com Oseias e Joel, e a grande ênfase neste período é a do “Dia do Senhor”, que seria um período marcado pelo julgamento de Deus, pela ação de Deus na história, marcado por uma serie de eventos, mas este também seria um tempo de salvação, o Senhor haveria de salvar seu povo, as mensagens proféticas não eram simplesmente ações preditivas de futuro, mas era um complemento do plano da promessa já predito anteriormente pelos patriarcas e por Moisés. As profecias tinham como intuito chamar o povo ao arrependimento mostrando um padrão de cumprimento que poderia ter mais de um cumprimento, ou seja, muitas predições aconteciam em pouco tempo, mas também poderiam acontecer em um futuro distante, as profecias tinham como característica mostrar um padrão que seria usado por Deus tanto para o juízo, (Jl 3.1-14 conforme Mt25.31-46), como em muitos casos para salvação como foi predito sobre o derramamento do Espírito (Jl2.28-32 conforme At2.14-41) o convite para “invocar o nome do Senhor” (Jl2.32 conforme At2.21,39). As predições dos profetas tinham um cumprimento muitas vezes em etapas, apontando para aquele “Dia do Senhor” que seria marcado como julgamento e salvação. Vemos profecias que foram cumpridas ao longo das Escrituras, mas que demonstraram um padrão de acontecimento mas que não as tornaram ineficazes, porque muitas profecias servem de padrão para os eventos futuros, conforme descrevemos anteriormente.

Diferentemente de nossos dias, as profecias, não eram coisas semelhantes a adivinhações ou simpatias, os profetas era instrumentos usados diretamente por Deus e o padrão para saber se os profetas falavam ou não em do do Senhor estava intimamente ligado as veracidades de cumprimento, sendo que a pena para os falsos profetas muitas vezes era a morte. 

Profetas do Século Seculo VIII A.C ( Amós,Oseias, Jonas Miqueias e Isaías)

Este período é marcado por outros profetas, que estavam mais voltados para o reino do norte, que era um reino que havia abandonado o temor do Senhor, e se misturado com outros tipos de cultos a Baal (falso deus), abandonando a exclusividade de Javé. 

Os profetas deste século traziam uma mensagem centrada da glória de Deus, do zelo de Deus por não dividir sua adoração com nenhum outro e com forte ênfase na necessidade do povo abandonar seus mal caminhos e voltar a adorar somente ao Deus criador, na ênfase do juízo iminente de Deus em referência a seus pecados.

Amós ministrou durante os reinados de Uzá (792-740 A.C e Jeroboão II (793-745 A.C), Amós dispôs seu ministério em advertir Israel e seus vizinhos contra sua conduta injusta, pela falta de buscar a Deus e a advertência era que caso não mudassem, se preparassem para se encontrar com Deus em julgamento, Amós contemplava Deus como Soberano sobre toda terra, como controlador da história e destino dos homens, mas que a despeito do sofrimento da dinastia de Davi, Deus reestabeleceria sua condição arruinada porque Ele prometera que a casa de Davi seria uma casa eterna,relembrando a mesma promessa feita anteriormente.

Oseias também trata do abandono de Israel dos caminhos do Senhor, todavia a ênfase em Oseias é dupla, trata a retidão e o amor de Deus, o amor de Javé permaneceria fiel a despeito da infidelidade de Israel (Os3.1), pois depois da disciplina apropriada, seria novamente desposado a Deus (2.19).

Em Jonas, a teologia encontrada destaca-se inteiramente na expansão das boas novas do evangelho em uma hostil nação de gentios, dando segmento ao plano da promessa de Deus, enquanto que Miqueias gira em torno da incomparabilidade de Deus (Mq4.13), chamando o povo a ouvir a Deus. Miqueias traz esperança mas também declarando condenação e juízo, na combinação de julgamento e salvação, Miqueias por três vezes clamou ao povo por “Ouvir”, contra o pecado de Israel e Jaco (referências ao norte e ao sul), quanto a idolatria, prostituição, gula, cobiça, perversão da verdadeira religião, falsos profetas, ocultismo e presunção. Todavia, também concluiu cada uma das declarações com vislumbre da esperança prometidas nas antigas promessas, trazendo a certeza de que viria o Messias para restaurar o povo novamente pela “porta” (referência ao Messias), guiando como Rei e novamente trazendo á luz o plano da promessa de um remanescente em meio ao povo, esperando no Deus da Salvação (Mq7.7). 

Neste período, o profeta Isaías é o de maior renome, e seu ministério começou com a morte do rei Uzias (740 A.C) e continuou ao longo dos reinados de Jotão, Acaz e Ezequias até ser martirizado durante o reinado de Manassés (696-642 A.C), ficou marcado por anunciar a vinda do Servo Sofredor, e da expressão “o Santo de Israel”, nestes dois conceitos centrais a santidade e a glória de Deus, do avanço do plano da promessa de que viria uma semente da dinastia de Davi, que seria chamado de Emanuel (Deus conosco), Pedra angular, e Renovo de Javé, como cumprimento das promessas feitas a Davi de uma semente eterna, que restabeleceria as coisas, seria por meio de seu sofrimento, mas que também voltaria para julgar, a semente prometida ainda estava no centro da promessa de Deus, este Servo reinaria em pessoa (Is52.15), sofreria, seria o salvador de tudo (Is49-57), ele marcaria o fim de toda história (Is 58-66).

Profetas do Século VII A.C (Naum, Sofonias,Habacuque e Jeremias)

Este período marcou um dos períodos mais críticos da historia inteira da nação de Israel, estavam a ponto de sucumbir diante da destruição nacional e do cativeiro Babilônico, mais uma vez os profetas foram enviados com intenção de alertar sobre a iminência do julgamento divino, Naum deu a advertência do julgamento de Nínive pela maldade e sua desapiedada destruição de Samaria em 722 A.C, esse é o assunto principal de seu livro, mostrando que Deus não reparte sua glória com ninguém, ao mesmo tempo, Sofonias reapresentou as mensagens de Joel e Obadias, do “ Dia do Senhor”, anunciando um julgamento universal sobe toda face da terra. A mensagem de Habacuque levou consigo a repreensão divina contra o pecado de Judá e o orgulho babilônico, a mensagem principal de seu livro era de que o justo viverá pela fé(Hc2.4). 

Jeremias foi o maior porta-voz, seu ministério foi repleto de sofrimento por proferir as duras palavras de julgamento, mas também através dele a promessa da confirmação da antiga promessa feita anteriormente aos patriarcas e Davi. Jeremias repreendeu aos aspectos exteriores e frios da religiosidade morta, de que confiar externamente na Lei não servia de nada, era necessário um coração verdadeiramente quebrantado, mas no capitulo 31.31-34, a promessa de uma nova aliança baseada no Deus das alianças, dando continuidade as promessas feitas anteriormente e a certeza de que em meio a desobediência, Deus continuaria com um remanescente fiel. 

Era do Período Exílico(Ezequiel e Daniel)

Este período foi um período de crise, todas as instituições, o templo, a terra e o sacerdócio haviam sido corrompidos, e a mensagem marcante era da esperança de um Novo Templo, Novo Rei, Novo Estado para Israel, a certeza de uma futura restauração.

Ezequiel combinava os oficios de sacerdote e profeta, ele usava de muitas parábolas e alegorias, e o uso da linguagem apocalíptica recebeu força, ele deixou claro que mesmo que Israel falhou, Deus não esqueceria de sua aliança, primeiramente Deus disciplinaria, mas suas promessas de renovo continuariam, a teologia de Ezequiel é dominada pela visão do trono de Deus, e Deus manteria firme suas promessas, todavia, agora, a glória de Deus não poderia permanecer no templo, pelos horríveis pecados de Judá, visitados por Ezequiel em uma visão. Os homens aprenderiam de que Deus é o que realmente importa a despeito dos templos erigidos de pedra, novamente entra em cena o tema do reino davídico restaurado, vindo de origens humildes, que seria o próprio Pastor e cuidaria de suas ovelhas (Ez 34.11-31), (expressão usada para Jesus no Novo Testamento), novamente a “Semente” descrita desde Eva, aparece novamente na figura do servo de Deus, que traria a esperança da promessa de um novo nascimento ao seu remanescente, e de que o próprio Deus daria um novo coração, que poderia obedecer e sentir prazer na Lei de Deus, semelhantes aos fatos previstos em Joel 2.28-32 e Isaías 42.1, Deus novamente teria seu tabernáculo no meio do povo adorador. 

No livro de Daniel a ênfase recai na antítese de reinos sucessivos da raça humana, mas que apesar dos Reinos o verdadeiro Reino de Deus seria reestabelecido, novamente a figura da “Pedra” é empregada para descrever que esta “Pedra” destruiria todas as outras, os governos Babilônico, Medo/Persa, Grego/macedônico e Romano, seriam sobrepujados por esse Reino, por essa “Pedra”, aquele sucessor prometido para Davi, de sua dinastia, haveria de reinar novamente, também em contraste com os sonhos de Nabucodonosor, dos quatro reinos representados por animais, que também se referiam a figura dos Reinos já anteriormente descritos, estes haveriam de sucumbir diante do “Ancião de Dias”, e a certeza de que em um futuro o Reino da casa de Davi seria restabelecido e reinaria sobre todas as nações, dando segmento ao plano da promessa descrito desde os tempos de Eva, Abraão, Moisés, Davi continuando em seu cumprimento.

Era do Período Pós Exílico (Ageu,Zacarias,Malaquias)

Com a permissão do rei persa Ciro, divinamente predita, uma pequena porção voltou a Jerusalém, sob a liderança de Zorobabel e do sumo sacerdote Josué, a realidade era que o povo estava profundamente desanimado, então Deus graciosamente enviou os profetas Ageu e Zacarias para dar continuidade em seu plano, Ageu foi usado para incentivar aqueles que haviam voltado a Jerusalém, em 520 A.C, Ageu e Zacarias incentivaram o povo a retomar a tarefa abandonada para a glória de Deus, e a teologia deste período gira em torno da frieza espiritual do povo em relação a Deus. Eles não queriam reconstruir o templo mas moravam em luxuosas casas, como resultado, Deus colocou um seca em suas colheitas, e mais uma vez onde não foi respeitado os preceitos de Deus, Deus disciplinou o povo afim de trazê-los de volta, como antes já houvera acontecido em Lv 26.3-33 e descrito pela maioria dos profetas, especialmente em Amos 4.6-12.

Incrivelmente pela ação de Deus o povo respondeu e obedeceu a palavra de Deus pelo profeta Ageu (1.12), novamente Deus relembrou das palavras “Eu sou convosco” (Ag 1.13), enquanto Zacarias pregou ao povo para se arrepender-se, demonstrando a veracidade de tudo o que já fora dito anteriormente pelos profetas, sobre o julgamento e o renovo pelo “Servo” a “Pedra”, falando sobre o descendente de Davi (Zc 3.8), que haveria de vir para libertar e novamente a promessa de reinar, e passando a Malaquias que reinfatizou a imutabilidade de Deus (Ml3.6), tratando do amor imutável de Deus por seu povo, enquanto o povo novamente reclamava da suas próprias misérias, descontentes, através de suas zombarias incrédulas, então Malaquias anuncia novamente a certeza de que o Senhor viria, mandaria o “mensageiro”, e logo em seguida enviaria o Messias no seu templo, eles ansiavam o “Dia do Senhor”, de maneira despreparada, porque eles esperavam um outro tipo de libertador, mas o messias viria testar os corações (Ml3.3), trazendo a cume a promessa do descendente de Davi, chegando também ao clímax do local das ofertas(Templo), universalidade do evangelho e pureza de adoração, pela presença do Messias. 

Os livros de Crônicas,Esdras, Neemias e Ester.

Os livros de Crônicas significa: ”Os acontecimentos dos dias”, o centro da teologia deste livro é remontar a linhagem de Davi a Adão, e concentrar-se no reinado militar e no interesse na adoração e culto, lembrar a importância do povo de se humilhar diante de Deus, reconhecendo a necessidade do avivamento por parte do Senhor. Esdras e Neemias continuam esta ideia de Crônicas, o centro teológico é a restauração e a reforma da comunidade de Deus, o tema que passa nestes livros é a idéia do controle Soberano do Deus altíssimo conduzindo a história, e mostrando também a responsabilidade humana. Os temas coletados nestes livros remontam aos acontecimentos históricos que poderiam ser utilizados para projetar a imagem da consumação escatológica (fim dos tempos), antecipada da promessa no novo Davi, o padrão da lei de Deus era a maneira como o povo deveria viver e agradar a Deus, ( é a base da vida do crente de como viver e agradar a Deus), o reino da promessa prometido a Davi novamente aparece em 1 Cronicas 17.14, demonstrando mais uma vez a característica do plano da promessa de Deus, em estabelecer um povo para sua glória, através da “Semente”, que reinaria sobre todos os outros reinos.

O antigo Testamento é repleto da promessa de Deus, de que “Ele seria seu Deus e habitaria no meio de seu povo”, Deus demonstra através de todo o Antigo Testamento, que seu plano tem sido conduzido soberanamente de maneira a levar a cabo, seu desejo de que um povo seja separado para Sua glória eternamente.


Em Cristo

Guinho










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